Terminando seus estudos eclesiásticos com grande sucesso, foi ordenado sacerdote no dia 25 de dezembro de 1835. Contrariamente a seu irmão, o padre Eliseu, o Padre Nimatullah não optou pela vida solitária; passou sua vida toda no mosteiro, levando a vida em comum e atendendo os cargos que a Ordem lhe confiava. Ensinou as crianças na escola de Bhorsaf e de Kfifan, nas proximidades dos mosteiros que se encontravam nestas duas aldeias. Depois, no mosteiro de Kfifan, foi diretor dos Escolásticos da Ordem e seu professor de Teologia moral. Antes de ser padre, trabalhava como alfaiate para a comunidade. Entretanto, também se dedicava à encadernação de livros; aprendera este tipo de trabalho no mosteiro de Qozhaya, quando ainda era noviço; ficou muito hábil, e continuou a fazer este tipo de trabalho manual até o fim de sua vida, mesmo quando ocupava altos cargos na Ordem. Nunca recusou atividades apostólicas e ministeriais; acompanhava o padre superior ou outros confrades nos funerais, sempre que era solicitado. Em suma, não conhecia o que era a ociosidade; sua vida cotidiana estava dividida entre a oração e o trabalho intelectual, manual ou religioso.
Um dia o pastor do rebanho de cabras do mosteiro de São Cipriano de Kfifan veio pedir ao Padre Al-Hardini que benzesse uma certa quantidade de água sem dizer-lhe o motivo. "A cabra está doente, perguntou o Padre?" De fato uma das cabras estava muito doente, quase morrendo. Logo que o pastor aspergiu com a água benta o animal doente, este se levantou e se pôs a pastar junto com os demais do rebanho.
Após a sua morte, os favores e os fatos prodigiosos que aconteceram pela intercessão de nosso Beato, foram numerosos e beneficiaram tanto cristãos que muçulmanos. Vamos citar alguns milagres que provocaram mais admiração e que são comentados até hoje.
Uma mulher estéril druza íseita de origem muçulmana), fez uma promessa: caso nascesse um filho seu, ela o levaria para visitar o túmulo do "Santo de Kfifan". Prometeu também batizá-la sem contudo revelar ao seu marido. Seu pedido foi atendido e um dia ela pôs-se à caminho de Kafifan para visitar o túmulo do Padre Al-Hardini. Durante a viajem estava preocupada, temendo informar seu marido sobre a promessa de batizar seu filho recém - nascido. Chegados ao ponte de Madfun, a mais ou menos três horas de caminho até ao convento de Kfifan, notou que seu filho não se mexia. Sacudiu-o várias vezes sem sucesso. O menino estava como um cadáver gelado. Com muito medo, nada disse ao seu marido, levando assim mesmo seu filho até ao túmulo do Padre Al-Hardini. Lá, ela o colocou ao lado do túmulo e retirou-se sozinha chorando. Estava apavorada temendo que seu marido a castigasse por causa do voto feito e que tivesse sido a causa da perda do único filho. Mas ela tinha também grande confiança no nosso Beato, o Padre Al-Hardini. Suas lágrimas eram de medo e de esperança. Mais uma vez seu pedido foi atendido. Seu filho gritou! Um monge do mosteiro saiu e chamou a mãe dizendo: "Senhora, venha pegar seu filho, ele está chorando!" "Como, retrucou ela, meu filho chora, se ele estava morto!" Ela correu e encontrou seu filho gritando, tomou em seus braços dizendo: "Meu filho estava morto perto da praia e agora ele ressuscitou". Fora de si de contentamento, pô.¿-se a aplaudir de tal modo que todo pessoal do mosteiro veio ver o que estava ocorrendo e se juntou a ela para dar graças a Deus. Seu marido e familiares que a acompanhavam e os monges souberam do voto que tinha feito. Seu marido aceitou o batismo da criança sem a menor dificuldade.
Mariam Seman Bu-Antun era de Deria, nas vizinhanças do mosteiro de Kfifan. Trabalhava no mosteiro como lavadeira. Conheceu o Padre Al-Hardini quando ela era ainda criança. Viu também seu corpo intacto quando abriram o túmulo. Quando ainda jovem teve uma doença nos olhos e perdeu logo a visão. Chorando o seu mal, lembrou-se que Deus tinha feito milagres pela intercessão do seu vizinho, o Padre Nimatullah A1-Hardini. Uma tarde, disse a seu pai: "Teria, ó meu pai, algum dinheiro?" Eram pobres igual à viúva do Evangelho, que tinha apenas um dracma para ofertar (Lc, 21,1-4). "Sim, respondeu o pai, tenho; o que quer você fazer?" "Quero, respondeu-lhe, oferecer ao Santo Al-Hardini, para que ele me cure os olhos". "De bom grado, respondeu o pai". Ela rezou e depois dormiu. No dia seguinte, ao acordar, estava enxercitando perfeitamente. "Meus olhos, conta ela, brilham como diamante; eis que se passaram 65 anos e eu nada sinto".
Um outro fato miraculoso aconteceu em favor de um cego, chamado Mussa Saliba Al-Rtéghrini seguidor do rito greco-ortodoxo. Este esteve um dia no mosteiro de Kfifan, levado por seu filho. Entrou na capela onde se encontrava o corpo de nosso Beato colocado dentro de um ataúde. Após ficar alguns instantes perto do ataúde, retirou-se já enxergando. Só deixou o mosteiro após ter a vista completamente restabelecida.
Sua excelência, o arcebispo maronita de São João d`Acre, Dom José (Joseph) Al-Khazen, conta-nos o seguinte: "Minha falecida mãe enxergava muito pouco de uma vista e muito bem da outra. Foi vítima de uma conjuntivite que a fez perder completamente a vista sã que ficou coberta de um véu branco. Sofria ao mesmo tempo de uma dor muito intensa. Foi cuidada em vão pelos médicos. Eu sentia pena de vê-la neste estado doloroso. Uma tarde, quando a dor era muito aguda, recorreu ao Servo de Deus, o Padre Nimatullah Al-Hardini, vista sua reputação de santidade e seus milagres. Pediu-lhe, cheia de fé, que curasse seus olhos. Retirou então do pescoço uma correntinha de ouro ou de prata, não me recordo mais, e dirigiu-se ao Santo nestes termos: "Se me curar, eu visitarei o seu túmulo e oferecerei-lhe esta correntinha como testemunha de meu reconhecimento". Após esta promessa, adormeceu. Em sonho, disse, vi um monge que tocando minha cabeça com as mãos, dizia-me: "Fique tranqiiila, minha filha, seu olho sarará e ficará perfeitamente são". De manhã ao levantar-se contou-nos com muita alegria que Al-Hardini apareceu-lhe e lhe anunciou que seria curada. Nós sentimos que estava convencida desta cura. Com efeito, após algum tempo ficou completamente curada, e seus olhos voltaram a ser como eram antes. Não demorou muito foi com meu irmão a Kfifan para cumprir sua promessa e agradecer ao Padre Al-Hardini por este grande favor.
Outros doentes pegavam um pouco de terra do túmulo e a misturavam com água que bebiam e se sentiam totalmente curados de seus males, tanto da febre palustre como outras doenças ou dores. Entretanto o maior milagre que podemos atribuir ao Padre Nimatullah Kassab Al-Hardini é o despertar da consciência entre seus confrades, os monges, e esta escola de santidade que fundou no seu Instituto. Certamente ele deu a visão para muitas pessoas que a tinham perdido; abriu os olhos de seus confrades e dos fiéis afim de que vejam bem o caminho que todo monge e todo cristão deve seguir para serem verdadeiros discípulos de Cristo. Sua própria vida, no dizer de muitas testemunhas contemporâneas, era um verdadeiro milagre. Graças ao Padre Al-Hardini muitos monges e cristãos ficaram mais próximos e unidos a Deus. Está fora de dúvida que este é o verdadeiro e grande milagre operado por Nosso Beato. É um grande milagre permanente, cujos efeitos não diminuem. Todos que o conheceram em vida afirmam dele: "Tanto em vida como depois da morte, ele é um santo"!
O último milagre se notabilizou pela cura de André Najem, libanês maronita, vitima de um câncer maligno no sangue. Existe um fato muito curioso.
Em suma, sua vida, enquanto monge piedoso e virtuoso, e a conservação de seu corpo, foram a causa de sua reputação de "santo". Em nossos dias, cerca de 140 anos depois de sua morte, os fiéis, ricos e pobres, notáveis e gente simples, acorrem ao seu túmulo para solicitar um favor ou pedir uma cura. Estas, de fato, foram numerosas.Em 16 de maio de 2004 ele foi canonizado e declarado santo pelo Papa João Paulo II.
Beatificação e Canonização
Sua Causa de Beatificação foi apresentada em 1926, ao mesmo tempo que as de São Charbel e da Beata Rafqa. No dia 8 de setembro de 1989, festa da Natividade da Nossa Senhora, o Papa João Paulo II reconheceu a heroicidade de suas virtudes; assim tornou-se "Venerável".
Novas diligências. Em 7 de julho de 1997, foi também promulgado o Decreto de Autenticidade do milagre que favoreceu o devoto André Najem. Simultaneamente ficou decidido que a cerimônia da solene Beatificação seria realizada em 10 de maio de 1998, em comemoração do Primeiro Aniversário da visita do Santo Padre ao Liamano efetuada no dia 10 de maio de 1997, visita histórica e inesquecível.
Sua Beatificação foi uma grande festa no Vaticano como no Líbano. Muitos libaneses vieram a Roma para participar deste evento; chegaram de 23 países e dos cinco continentes. O Brasil foi bem representado. Estavam presentes: o Patriarca Maronita, Sua Beatitude e Eminência Nasrallah Pedro Cardeal Sfeir, Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente, e Sua Excelência o Presidente da República Libanesa, Senhor Elias Hrawi, e demais personalidades eclesiásticas e civis. Durante a Santa Missa, tive a honra, com outros Prelados Maronitas, de concelebrar com o Santo Padre.
Professor de São Charbel de Teologia e na Santidade; promotor do renascimento cultural na sua Ordem, o Padre Nimatullah Kassab Al-Hardini foi proclamado pelo Papa João Paulo II, no dia 10 de maio de 1998, Beato na Igreja de Cristo. Foi uma honra, não apenas para sua Ordem, mas sobretudo para o Líbano, para todo o Oriente Médio, e particularmente para Igreja Maronita. São Nimatullah Kassab Al-Hardini foicanonizado no dia 16 de maio de 2004, pelo Papa Joao Paulo II. Celebramos sua festa no dia 14 de dezembro.
Mensagem
A mensagem do Nosso Beato é a dum monge que foi sempre fiel à sua vocação, e dum cristão que procurou cada dia estar unido a Cristo. Entre suas palavras ou conselhos, escolhemos estas:
"O monge no seu mosteiro é como um rei em seu palácio: seu reino é sua Ordem; seu exército são seus confrades; sua glória está na sua virtude; sua coroa é o amor de Deus e de sua Ordem; seu cetro é constituído pela sua castidade e pureza; suas armas são sua pobreza, sua obediência e suas preces; seu manto de púrpura está na sua humildade e sua abnegação".
"Não é permitido ao monge agir ou viver segundo seu gosto, ou conforme seu próprio caráter ou seus próprios critérios, mas sua principal preocupação deve ser, dia e noite, não ferir ou entristecer seus confrades".
"O monge, no caminho de sua vida e no seu comportamento, deve estar atento para não escandalizar os outros".
"Não é justo insistir com rigidez para impedir o que poderia ser permitido, pois uma tão forte pressão provoca uma explosão".
Em suma, podemos dizer que todo homem realizado, e especialmente os Santos, adotam uma máxima ou lema que serve de âncora para seu viver. O do Padre Nimatullah Kassab Al-Hardini foi importante para cada batizado, e ao mesmo tempo muito simples e significativo: "O sábio é aquele que sabe muito bem como salvar a própria alma". Que Deus Nosso Senhor, por Sua imensa bondade e por intercessão do novo Beato libanês maronita Al-Hardini, nos conceda a suprema graça de salvarmos nossas almas, com o mesmo denodo e determinação. Que todos nós possamos um dia, juntos com os Santos, regozijarmo-nos na felicidade eterna da Pátria celeste.
Oração para São Nimatullah Al Hardini para Obter Graça
Ó Senhor que suscitastes no coração do Beato Nimatullah Al-Hardini o desejo de contemplar-Vos e o fizestes mestre disponível para transmitir Vossa verdade a seus discípulos - entre ao quais São Charbel - aos quais sempre seguiu de perto, dai-nos seguir seu exemplo de consagração a Vos e aos outros, e concedei-nos, por sua intercessão esta graça... que necessitamos, segundo a vontade de Vosso Pai e a graça do Espírito Santo! Amém.